quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Boyhood

Boyhood – EUA, 2014 – Dirigido por Richard Linklater
Com Ellar Coltrane, Patricia Arquette, Ethan Hawke etc.
O filme começa com uma cena de Mason (Ellar Coltrane) deitado no gramado, um belo gramado, diga-se de passagem, aliás, esse filme não conta com muitos campos floridos ou belíssimos jardins, são os gramados e campos com outras gramíneas que mais representam o reino vegetal do filme, mas esse filme vale a pena assistir não pelos jardins, mas pela composição das cenas. O filme conta a história da vida do menino durante um período de doze anos.
Foi filmado durante dose anos, o grupo se encontravas por alguns poucos dias por ano desde que o personagem principal Mason tinha seis anos, até quando ele completa 18 anos. Tudo feito com muita simplicidade e beleza, imagino filmar uma sequencia em 3 ou 4 dias, isso é incrível e permanência dos 12 anos, Linklater nos dá um presente. Mostra a relação de Mason com os pais separados e amigos e a modificação do jovem nesse período.
Os atores fazem o trabalho direitinho e o diretor nem se fala.

Bem, eu gostei muito, nada de efeitos, grandes dramas, mas a poesia do dia a dia.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A filha do pai


A filha do pai (La fille du puisatier) – França, 2012 , direção de Daniel Auteuil
Patricia (Astrid Bergès-Frisbey), a filha mais velha do poceiro Pascal Amoretti (Daniel Auteuil), um homem trabalhador, honrado, mas pobre, conhece seu grande amor Jacques(Nicolas Duvauchelle), piloto da aeronáutica, bonito, charmoso e rico, às vésperas da 2ª Guerra Mundial, em 1939. Patrícia engravida de Jacques, mas ele é mandando para guerra, sem poder ao menos se despedir.
Tudo isso é filmado na Provence, que em minha opinião, é a região mais linda da França. Para quem fotografa é uma maravilha, você praticamente só clica, a região se enquadra. Não precisa escolher o quadro, tudo está pronto para ser filmado e fotografado, o ambiente pitoresco, as colinas, os campos de lavandas. É assim no filme, aproveitando muito bem o regionalismo típico da sua Provence. Chamou-me atenção, que neste filme não aparecem a lavandas, que é a flor símbolo da região. O filme todo mostra o verde maravilhoso e as tonalidades terra, essas duas cores ocupam 99 por cento do filme, duas exceções para o lindo campo de papoulas no inicio do filme e o amarelo de cousas. Também a beleza dos troncos dos plátanos e a leveza nos campos de gramíneas.
Confesso que sou super fã de Daniel Auteuil, que para mim é o maior ator do cinema francês dos últimos tempos. Aqui ele está maravilhoso como ator e ainda faz a direção.

“A Filha do Pai” é um filme agradável, principalmente para os românticos, e  nos dá a oportunidade apreciar a luz, os matizes e bonitos lugares, que no passado inspiraram os impressionistas. Tudo isso junto com a boa técnica, trilha sonora bem escolhida e principalmente a fotografia fazem esse filme muito recomendado.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

De repente é amor


De repente é amor “A Lot Like Love” Dirigido por Nigel Cole – EUA , 2005.
Oliver (Ashton Kutcher) observa e a fotografa Emily (Amanda Peet) durante uma briga dela com o namorado, eles se conhecem melhor no voo que cruza os Estados Unidos. Ele, um moço certinho e carinhoso que procura seguir um cronograma para sua vida, com sucesso profissional, encontrar o amor de sua vida, casar e ter filhos. Ela é espontânea e indisciplinada, sem fazer planos para o futuro. Oliver e Emily sentem atração um pelo outro, mas eles são muito diferentes. Durante os sete anos seguintes eles se encontram em momentos aleatórios e esporádicos, até que se encontram novamente 7 anos depois.

Em um dos encontros Oliver resolve fazer uma serenata para Emily no jardim do prédio que ela mora, aí vem a parte boa, o jardim é uma graça com várias espécies de musáceas (bananeiras, helicônias) algumas bromélias, orquídeas, também azaleias, primaveras etc. O filme é uma comédia romântica para aqueles dias que você está cansado e quer relaxar um pouco, mas vale a pena pelo jardim e pela beleza do casal protagonista.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Margareth Mee e a Flor da Lua


Margareth Mee e a flor da lua – Brasil, direção: Malu de Matino – 2013.
É um belíssimo documentário que retrata a passagem da ilustradora Margareth Mee pelo Brasil, dificilmente encontramos alguém que desenhe com tanta precisão e poesia as plantas brasileiras. Ela viveu no Brasil por 36 anos e realizou 15 expedições à Floresta Amazônica, já em 1956 começou a chamar a atenção para a preservação da Amazônia brasileira.
O respeito que ela tinha pelo Meio Ambiente foi retratado com muita poesia no filme. A sua busca por desenhar a flor do Strophocactus wittii ou  Selenicereus witti , um cacto nativo da Amazônia, que vive na parte mais alta das árvores e suas flores desabrocham somente a noite e muito rapidamente em apenas uma noite por ano, é linda.
Suas ilustrações, muitas de bromélias, são até hoje, uma fonte preciosa de pesquisa para a botânica, a maioria está no Instituto de Botânica, em São Paulo.

Filme recomendado para quem gosta de flores, poesia, natureza e respeito. Eu gosto!

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Attila Marcel

Attila Marcel - França (2013) – Direção Sylvain Chomet
A trama gira em torno de Paul (Guillaume Gouix), que quando tinha dois anos de idade viu seus pais morreram e trauma lhe fez perder a fala. Agora por volta de 30 anos Paul é pianista e mora com duas tias aristocratas. Sua vida é uma grande rotina até que entra no jardim da Madame Proust (Anne Le Ny), sua vizinha excêntrica e divertida que vai ajudá-lo a começar a viver. Para tanto ela conta com a ajuda de alguns chás de aspargos e cogumelos cultivados por ela mesma no seu apartamento em Paris.
Duas cenas me chamaram muita atenção, a primeira uma grande castanheira presente em um parque perto da casa de Paul, linda no meio da praça, onde as crianças brincam e aproveitam sua sombra. A mesma mais tarde será cortada, uma pena, pois do modo que aparecem os pedaços cortados não existe nada que justifique o corte, mas sim um tratamento na árvore. Aparecem pessoas contrárias ao corte, típicas francesas.

A segunda e mais significativa, que me fez suspirar, foi o apartamento transformado em jardim, onde eram cultivados muitos legumes e flores, simplesmente lindo. É o máximo, os espelhos pendurados para que o sol seja refletido para todos os cantos, afinal hortaliças precisam de muita luz. E é exatamente lá que Paul quebra a dormência e se lança para vida, como uma semente.
O filme é cheio de metáforas e poesia, vale a pena ver!

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Magia ao Luar


Magia ao Luar – “Magic in the Moonlight” – EUA  – Direção Woody Allen , 2014

Stanley (Colin Firth) é um mágico inglês prepotente, egocêntrico e com ar de superioridade que é o álter ego de um mágico chinês Chung Ling Soo com convicção que o mundo é empírico e racional. É considerado um dos melhores mágicos, pois seus números são truques bem construídos. Seu amigo de longos anos Howard Burkan (Simon McBurney), também mágico, o procura para que ele desmascare uma garota chamada Sophie (Emma Stone) que se diz uma médium. Stanley aceita e viaja até o sul da França e passa a tentar a todo custo desvendar os mistérios que envolvem sua mediunidade, com a aproximação ele acaba por entrar em outra magia.
Acho Woody Allen meio sarcástico e intelectual, e muitas vezes fascinante. No filme “Magia ao luar”, uma doce comédia romântica traz dois atores de tirar o chapéu, Colin Firth e Emma Stone, além das boas risadas é o tipo de filme de te deixa um tempo sorrindo. Adoro a participação das plantas nos filmes de Woody Allen, a composição é perfeita. Os jardins mostrados no filme são de tirar o fôlego, caramanchões de glicínias e de rosas, canteiros lindos de íris, participações de agapanthus e primaveras dando um show. Vale a pena assistir nem que seja só pela fotografia. Allen usa a proporção de tela de 2.35:1, conhecida como janela panorâmica ou anamórfica, que deixa o filme mais bonito, dá vontade de entrar no jardim.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) EUA, 2013 – Dirigido por Steve McQueen

        
Baseado em uma história real, o ator Chiwetel Ejiofor vive Solomon Northup, que era um nortista estadunidense negro, violinista, livre e letrado, em 1841. As primeiras cenas o mostram em seu cotidiano com a família sendo respeitado por todos da sociedade, porém é enganado, sequestrado e levado para Geórgia e aí começam então os 12 anos de agruras do título.
Além de Ejiofor que fez uma atuação brilhante o elenco é de primeira, inclui Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Paul Giamatti, Lupita Nyong'o e Brad Pitt entre outros. O filme é comovente em todos os momentos e a direção de arte é impecável.
A direção é tão boa que a paisagem diz tudo do filme a começar pelo corte de vegetação. Mesmo não sendo belíssimos exemplares, ver uma árvore cair é sempre muito triste, mas o mais fantástico de tudo é o uso abundante da barba-de-velho (Tillandsia usneoides), a mesma espécie que Tarantino usou no filme Django Livre. Em ambos os filmes a planta mostra a tristeza, como se a paisagem chorasse pelas atrocidades mostradas nas cenas, e é incrível a presença desta planta em quase todos os momentos.
Apesar de o filme ser americano a barba-de-velho é uma espécie brasileira, presente na Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, em todas as formações florestais das matas brasileiras, mas ocorre em vários outros países. É uma planta utilizada para fazer biomonitoramento atmosférico, ou seja, para estudar as concentrações de metais pesados no ar.
Saindo da biologia e voltando ao filme, boa história, elenco maravilhoso, direção brilhante... Pegue seu lenço e corra para o cinema, esta é minha sugestão.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Philomena - Reino Unido, EUA, França, 2013 de Stephen Frears

Incrível como a paisagem conta a história deste filme, aliás, muito bem contada, as locações e a fotografia estão em total sintonia. Grande história e grandes interpretações.
Baseado numa história real, ocorrida na Irlanda dos anos 1950, "Philomena", conta a história  de Philomena Lee (Judi Dench, indicada ao Oscar de melhor atriz - desta vez se ela ganhar, não se surpreenderá) em busca de seu filho dado em adoção aos 3 anos de idade. Ainda jovem e sem a mínima educação sexual, ela engravida e seu pai a interna num convento, onde ela terá seu bebê, um menino, não sem antes sofrer muito no difícil parto. Ela o adora, mesmo não tendo a oportunidade de conviver como mãe dele. Com aproximadamente 3 anos de idade ele é “vendido” pelas freiras do convento para uma família americana. Os anos se passam e ela não aguenta mais guardar este segredo e conta para sua filha, que vai procurar alguém para escrever esta história e ajudar sua mãe. Isto se dará com o jornalista Martin (Steve Coogan) e os dois sairão à procura, ela de seu filho e ele de uma história para escrever.
Quanto à paisagem, temos três cidades diferentes; na Inglaterra os jardins querem uma aproximação aos jardins naturais, sem muita simetria nem topiaria e com grandes gramados. É lá que começa a ser contada a história de Philomena. De lá ela e Martin viajam para Irlanda, lá, na primeira parte, é outono, com suas árvores de folhas amarelas e vermelhas cujo colorido, para mim, não simboliza alegria e sim esperança. Já podemos ver forrações e gramados bem secos e no pequeno cemitério as ervas daninhas dominando o local – nada por acaso. Terceira locação, Washington, com toda sua arborização - vale lembrar que a capital dos EUA tem 170m² de áreas verdes por habitante, só para se ter uma ideia, São Paulo tem pouco mais de 4m²/hab. Lá também aparecem os típicos jardins americanos, quase sempre com a bandeira americana à mostra. Na volta à Irlanda as folhas amarelas já haviam caído, assim como a esperança de Philomena, desta vez todo gelo e frio enfatizarão o sofrimento, a angústia e a decepção. Ao chegar ao antigo convento eles param o carro sobre um lindo chorão - com este nome nem preciso falar nada - e além disso, é desta árvore que é retirado o princípio ativo para uma grande parte dos medicamentos para aliviar a dor, o ácido acetil salicílico que vem de Salix alba ou Salix babilônica, que é o nome popular daquela árvore. E uma frase dita pelo jornalista Martin fecha com chave de ouro: “_Vocês poderiam pelo menos tirar as ervas daninhas que encobrem os túmulos das jovens e seus bebês que morreram aqui.”


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Elysium – EUA, 2013 de Neill Blomkamp.



O filme mostra duas paisagens bem distintas, uma é o planeta Terra em 2159 – grande semelhança com alguns bairros periféricos de São Paulo e de muitas outras cidades do Brasil - habitado por pessoas pobres, violentas e doentes. A outra é a estação espacial Elysium, um lugar totalmente planejado, com belíssimas paisagens e lindos jardins, apesar da mistura de topiaria com palmeiras, que eu particularmente não aprecio muito, além das florestas organizadas. A paisagem é bem semelhante com Dubai. Nunca tinha visto em filmes tantos jardins verticais como neste. Em Elysium as pessoas são ricas despreocupadas e sadias.
No elenco, além de Matt Damon, representante dos pobres e Jodie Foster, dos ricos, estão presentes no filme Alice Braga e Wagner Moura, nem preciso falar de que lado eles estão né? Desculpem a crítica, fora isso, os dois estão muito bem assim como a dupla principal.
Algumas coisas me chamaram atenção: a da presença e resistência das palmeiras, o que confere um tom aristocrático aos jardins de Elysium, é claro - na Terra só sobraram poucas árvores solitárias, talvez por isso o planeta tenha ficado doente. Outra, é como os jardins são associados às classes mais abastadas, o que em minha opinião não condiz com a realidade, pois conheço muitas pessoas que dão um duro danado para se manterem e têm jardins muito charmosos; na primeira cena em Elysium a frase que Foster usa para receber as pessoas é “Sejam bem-vindo, aprecie a vista do jardim”
O filme é interessante, tanto para ver belos jardins, jardins verticais e como eles conseguem inserir plantas bem cuidadas em todos os cantos, em Elysium é lógico. Eu recomendo!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) EUA - 2013 de Martin Scorsese

Só a direção de Scorsese já me faria ver o filme. Como sempre, direção impecável e ainda com o ator Leonardo DiCaprio, que na minha opinião está casa vez melhor em suas atuações – e pensar que ele já ganhou a Framboesa de Ouro, ou seja, o prêmio de pior ator do ano.
O filme é baseado no best-seller de mesmo nome e conta as memórias de Jordan Belfort (DiCaprio),  um corretor de títulos de Nova York que dirige uma firma, a Stratton Oakmont, corretora de ações de um mercado paralelo à Bolsa, que na década de 1990 se tornou especialista em desviar dinheiro dos sonhadores  para sua própria conta, para isso, muitas fraudes, corrupções, drogas e prostituição.
Lógico que um milionário tem sempre uma casa maravilhosa e, para mostrar seu poder, jardins estonteantes, afinal nada melhor para isto do que magníficos jardins e eles estão do lado de fora da casa, ou seja, para todos verem. É uma pena serem poucas as cenas dos jardins. Chama mais atenção o descaso com que ele trata deles, nenhum afeto, passa por cima com carro, helicóptero etc.; quando ele estraga o gramado do campo de golf, meu coração até doeu. E ainda, ao desprezar sua esposa, ex-prostituta, diz algo como: – agora sua nova brincadeira ou invenção é ser paisagista, como se para essa profissão não fosse necessário estudo, muito conhecimento e empenho. Isto é bem a cara do seu personagem.
Eu recomendo muito, afinal tem a assinatura de Scorsese!

Melancolia (Melancholia) França, Dinamarca, Suécia e Alemanha – 2011 de Lars von Trier

Lars von Trier é especialista em fazer filme que tocam a alma das pessoas, algumas vezes positivamente e outras negativamente, mas é certo que não dá para ver um filme dele e não ter o que falar. Podem falar o que quiser, eu assisto a todos.
O filme mostra uma total falta de esperança com o advento de uma colisão de dois planetas que levará a uma grande destruição. Justine (Kirsten Dunst) está prestes a se casar com Michael (Alexander Skarsgard). Sua irmã Claire (Charlotte Gainsbourg) e seu marido John (Kiefer Sutherland) realizam uma festa suntuosa para a comemoração dessa união. O local para a festa, a casa da irmã. O lugar é simplesmente lindo e mais que tudo os jardins, a começar com um maravilhoso campo de golf com magníficos gramados, árvores e arbustos podados milimetricamente em uma difícil topiaria. As belas imagens poéticas tem um ritmo próprio que é característico dos filmes de Lars, os detalhes, a iluminação, a montagem, tudo no filme é impecável, parece um grande balé coreografado. Os planetas dançam, as plantas ficam estáticas e de repente começam a dançar, a tristeza ocupa todos os espaços vazios. Será o fim? Talvez a mensagem seja esta, da maneira com que tratamos o planeta em que vivemos nosso futuro será este, bem melancólico.   Vale a pena conferir!