terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Guerra dos Rocha


A Guerra dos Rocha – 2008 (Brasil)
Elenco:
Taís Araújo, Marcello Antony, Ary Fontoura, Ailton Graça, Nicete Bruno, Giulia Gam, Diogo Vilela, Ludmila Dayer, Lúcio Mauro Filho, Cecília Dassi, Felipe Dylon, Zéu Britto, Ângelo Paes Leme

Santa Tereza, o bairro carioca pouco explorado pelos cineastas brasileiros, aparece neste filme, com todo o seu charme, ladeiras e belas vistas. As duas principais locações são casas com lindos jardins no melhor do gênero mix, ou seja, uma mescla do estilo inglês com a espontaneidade da maneira carioca de ser, afinal modificar a natureza pra quê, se ela já é linda?

Bromélias, palmeiras, helicônias, alpinias, primaveras aparecem às pencas nos principais cenários externos, além da clússia- Clussia fluminensis -, característica do Rio de Janeiro. Um realce a parte é a mini pata-de-elefante que aparece discretamente no parapeito da janela da cozinha da casa do Marcelo (Lúcio Mauro Filho).

Outro jardim que merece ser comentado é o de um condomínio na Barra da Tijuca. Dá pra notar que nele há claramente a interferência da mão do homem, como os pingos-de-ouro bem podados, quadros com bromélias e orquídeas, além de um paisagismo que, é claro, foi feito por um profissional da área.

Em uma das tomadas de cima é possível observar as copas das árvores presentes nas calçadas que se juntam e formam um grande maciço verde. Isso é possível porque a fiação elétrica no Rio é subterrânea.
O Filme do Jorge Fernando conta com um elenco de tirar o chapéu que entre risos e gracinhas aborda o triste fim dos idosos, o abandono. Mas de rir de chorar é a cena dos dois jovens ladrões que se escondem na casa onde estão duas idosas, uma delas interpretada por Nicete Bruno e outra (dona Dina) por Ary Fontoura.

Uma garota dividida em dois


Uma garota dividida em dois (Le Fille Coupée En Deux, França/Alemanha, 2007)
Direção: Claude Chabrol
Elenco: Ludivine Sagnier, Benoît Magimel, François Berléand, Mathilda May, Caroline Silhol, Marie Bunel

O filme mostra o triângulo amoroso composto por Gabrielle (Ludivine Sagnier), uma garota inteligente, charmosa, 25 anos, que trabalha na TV como repórter do tempo; Charles Saint-Denis (François Berléand), talentoso escritor, mestre na arte de seduzir com as palavras, 55 anos e Paul (Benoît Magimel) um jovem playboy mimado e arrogante.
Uma certa altura do filme, Gabrielle recebe, quase que na mesmo momento, dois arranjos: um bem moderno com muitas folhagens e lírios e outro com rosas vermelhas, com um bilhete escrito “venha”. Os dois arranjos representam bem os homens que as enviaram, um excêntrico e outro tradicional.
Além de algumas tomadas mostrando os lindos jardins de Paris, destaque também para a paisagem da cidade de Lion, com jardins bem cuidados, e em especial uma das casas com um visual de tirar o fôlego, com trepadeiras subindo pelas colunas. Para completar, Lisboa aparece singela e linda com belas floreiras nas sacadas
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Lemon Tree


Lemon Tree Direção de Eran Riklis (Etz Limon, Israel/Alemanha/França, 2007)
Elenco: Hiam Abbass, Doron Tavory, Ali Suliman


Mais que uma linda plantação de limoeiros defendidos por Salma (Hiam Abbass), o filme é uma poesia com ótima fotografia. Salma é uma viúva palestina, que tem terras na divisa da Cisjordânia com Israel e vê suas árvores ameaçadas quando seu novo vizinho, o Ministro de Defesa de Israel (Doron Tavory), muda-se para a casa vizinha.

A Força de Segurança Israelense alega que os limoeiros podem servir de esconderijo para terroristas e logo declara que precisam ser derrubados. Salma leva o caso à Suprema Corte de Israel para tentar salvar a plantação.

A história é bonita, embora os limoeiros vão se definhando durante o filme, assim como as esperanças de Salma de cuidar da plantação, fruto da iniciativa de seu pai.

O que eu mais gostei foi o depoimento do jardineiro, porque é maravilhoso ver um personagem tão simples e tão sábio. Uma de suas falas que me comoveram foi quando disse que mais do que plantas os limoeiros eram seres vivos que faziam parte da vida da Salma, assim como ela era responsável pela vida deles.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Linha de Passe


Linha de Passe (Brasil 2008) - Direção: Walter Salles e Daniela ThomasElenco: Sandra Corveloni, João Baldasserini, Vinícius de Oliveira, José Geraldo Rodrigues e Kaíque Jesus dos Santos.

Realidade Nua e Crua.
É assim que vejo o novo trabalho de trabalho de Walter Salles e Daniela Thomas: a realidade da cidade e de uma grande parte da população que mora na periferia de São Paulo. Não aparece uma única árvore e nem uma massa verde, somente alguns poucos cactos, na verdade o único verde é o do campo de futebol. Falta de planejamento, de cuidados e de apoio do governo que são refletidos na vida de quatro jovens que estão na linha, ou por um fio. De um lado, a difícil vida de trabalho, do outro, a marginalidade. Muito bem apresentado, principalmente em filmagens paralelas as rotas de fuga – o futebol, a igreja, o álcool, cigarro e até não programar o nascimento de um filho.
Assisti a este filme com uma amiga que disse ao final da exibição “o filme é uma tapa na nossa cara”. Assim como eu, ela gostou muito de Linha de Passe. Não sei se é porque eu estou um pouco mais acostumada com a vida de jovens muito parecidos com os que aparecem no filme, que para mim, principalmente o final me passou esperança.
Algumas pessoas ficaram com aquela sensação de cinema francês, meio sem final, mas particularmente gostei muito e vi uma luz no fim do túnel, aliás, sei que existe.
O gol marcado Dario (Vinícius de Oliveira), aspirante a jogador; o abrir dos olhos de Dinho (José Geraldo Rodrigues), frentista de posto de gasolina freqüentador da igreja evangélica que percebeu que milagres não acontecem; o ar de liberdade de Reginaldo (Kaíque Jesus Santos), o caçula que procura o pai entre tantos motoristas de ônibus e Dênis (João Baldissieri), motoboy que após praticar um assalto não leva nada e apenas pede para que a pessoa que foi assaltada olhe para ele. Como se estivesse gritando “eu existo”.
A bela a atuação de todos, inclusive de Sandra Corveloni, ganhadora do troféu de melhor atriz, no Festival de Cannes em 2008, que interpreta Cleuza uma mãe solteira que luta para criar os quatro filhos, é mais um dos motivos para classificar este filme como ótimo.

Sccop


Scoop – O Grande Furo (Inglaterra/ EUA, 2006) ; Direção: Woody AllenElenco: Scarlett Johansson, Woody Allen, Hugh Jackman, Ian McShane

Esse é realmente um filme inglês! É fácil observar porque historicamente os ingleses gostam muito de jardins, arranjos florais e de estar próximos à natureza. Pesquisas apontam que cerca de 30 % dos ingleses praticam jardinagem.
Em Scoop o que não falta é verde, desde a arborização das ruas até pequenos arranjos em vasos de porcelanas.
A fotografia do filme é linda e a cada momento aparecem flores penduradas nos postes, nas janelas, almoços nos jardins, cozinhas integradas às áreas externas etc. Porém trata-se de um filme de Wood Allen onde nada é certinho e de fácil entendimento. No principal jardim, que é apresentado como tipicamente inglês, é na verdade uma mistura de estilos com topiarias e cercas vivas milimetricamente podadas ao lado da vegetação natural sem muita alteração da paisagem. Além disso, em uma das cenas aparece uma trombeteira – espécie extremamente tóxica - bem acima de uma mesa cheia de quitutes, será que Allen sabe disso e faz de propósito? Não me admiraria. Talvez o grande furo seja aquele monte de topiaria no meio do jardim inglês.
A história não é simples, bem ao estilo do cineasta. Sondra (Scarlett Johansson) uma jovem estudante de jornalismo recebe informações de um morto sobre uma série de assassinatos, e sai para investigar, porém se apaixona pelo suspeito Peter (Hugh Jackman), conta com a ajuda de Sid Waterman (Wood Allen) para desvendar o caso.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mamma Mia

Mamma Mia! (Mamma Mia!, EUA/ Reino Unido, 2008) Direção: Phyllida Lloyd

Fazia muito tempo que não me divertia tanto no cinema. As pessoas cantaram, dançaram e houve quem aplaudisse no final do filme. Belíssima interpretação de todo elenco, especialmente de Meryl Streep. Os atores realmente cantam e não escondem as ruguinhas, que caem muito bem tanto da Meryl Streep como para Colin Firth.

A alegria geral ao som das músicas do ABBA e a fotografia entusiasmaram a todos. Merecem especial atenção as flores rosa maravilha das primaveras, que cobrem um pergolado, e as begônias vermelhas que contrastam com o azul do mar.

Na Grécia é assim mesmo, para onde você olha tem primavera emoldurando as portas e begônias nas floreiras das janelas.

Como disse uma senhora ao fim da exibição: É realmente um filme para lavar a alma.

Muito Além do Jardim



Muito Além do Jardim (Being There, EUA, 1979) Direção: Hal Ashby

O filme começa com Chance (Peter Sellers) acordando e ao seu lado vários vasos como crótons, celósias e dracenas – sim, podemos ter plantas no quarto. Ele delicadamente transfere algumas de lugar para que possam tomar sol. Ao lado das plantas há uma bola de vidro com uma rosa vermelha dentro, sabe daquelas que balançamos e ficam umas tirinhas flutuando, assim é o nosso personagem um homem que nunca saiu de casa, nunca entrou em um carro e não tem documentos. Não sabe ler nem escrever e oficialmente não existe.
É inverno, percebemos isso pelas imagens dos dois jardins que aparecem, ambos com muitas plantas totalmente desprovidas de folhas e sem nenhuma flor. Marcando os jardins tipicamente franceses, só resta o verde dos buxinhos que delimita os canteiros.

Após a morte de seu patrão, Chance é despejado e pela primeira vez sai às ruas. Até então, seu único contato com o mundo exterior são os programas que passam na televisão, e é deles que busca as referências de bons modos. Pouco aparece do local onde foi filmado, Washington, com seus 170 m2 de áreas verdes por habitante e que fazem inveja a muitas cidades, inclusive São Paulo, que só tem 4.

Por um golpe de sorte é atropelado pelo motorista de Eve Rand (Shirley MacLaine), que se apaixona por Chance e o leva para casa. Chance acaba conquistando a todos, inclusive o presidente dos EUA, com sua ingenuidade e uso da linguagem da jardinagem - que é preciso semear para colher, o adubo garante o crescimento, após o frio do inverno vem o renascer da primavera, devemos fortificar as raízes - ou mesmo com o seu simples silêncio. As pessoas fazem metáforas de suas falas com o cotidiano da vida e concluem que ele é um gênio.

O filme é singelo, tem um humor sutil e encantador. Fala de coisas que acredito e que sempre falo aos meus alunos: Temos muito que aprender com as plantas e com a linguagem simples da jardinagem.

O filme é imperdível!

Jardins em Movimento

Charles Chaplin era contra o cinema falado. Ele dizia que a diferença entre os idiomas impedia que os filmes fossem universais. Ele tinha tanta convicção sobre isso que em seu primeiro filme falado, ele inventou um idioma novo, para que ninguém entendesse as palavras. Dito e feito, porém todos entendiam o que ele queria comunicar, pois todos riam quando era pra rir.

Com chegada e popularização do filme falado houve perda na observação da fotografia e consequentemente da beleza dos jardins, que já eram mostrados desde nas mais antigas obras cinematográficas.

Em um dos filmes dos irmãos Lumiere, havia uma cena, em primeiro plano, onde um bebê era alimentado, mas o que chamava a atenção das pessoas era com o balanço das folhas das árvores que estavam em segundo plano.

Acho que quando assistimos filmes estrangeiros perdemos muitos detalhes, como belas paisagens e belos jardins, porque dividirmos nossa atenção com as legandas.

Eu procuro ficar de olho nisso porque sou uma apaixonada por cinema e por tudo que é verde e que seja do reino vegetal. Fiz este blog com a intenção de mostrar o que eu vi por aí nos diversos filmes de hoje e do passado.