quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

1917



1917 – Inglaterra e EUA, 2019 - Direção: Sam Mendes, com George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark Strong

Alguns podem estranhar estar um filme de guerra neste blog que fala de jardins e plantas no cinema, mas não se trata de um filme de guerra e sim de homens, mostrado em sequencias perfeitas, tecnicamente aclamado por qualquer cinéfilo e ele vai muito além... Em quatro momentos as plantas falam coisas belíssimas sobre o filme.
O início, um “travelling”, que na terminologia de cinema e audiovisual, é todo movimento de câmara em que esta realmente se desloca no espaço, de um lindo campo de flores “daninhas” que como bem disse Victor Hugo “não existe erva-daninha e homem mau, há sim mau cultivador”.
A beleza de tantas flores, que tem ao fundo um grupo de arvores e à frente dois soldados ingleses, Will Schofield (George Mackay) e Blake (Dean-Charles Chapman), dormindo, encostados à sombra de uma árvore, marca a abertura do filme.
Uma ordem os acorda, de que eles deveriam cruzar o território inimigo e entregar uma mensagem que poderia salvar 1.600 homens, entre eles o irmão de Blake.
A câmera segue os protagonistas e o diretor Sam Mendes mostra o humano desses soldados com atos heroicos não para ganhar medalhas e sim por dignidade. Voltando as flores, há uma cena muito bonita entre os horrores, quando eles se deparam entre as ruínas de uma casa com várias cerejeiras em flor, que Blake conhecia tão bem dos tempos de infância, uma cena perfeita que mostra o excelente trabalho de fotografia de Roger Deakins.
Segue o filme com panoramas que mostram cavalos e homens mortos, explosões, tiros, mas tudo isso fica em segundo plano, pois Mendes consegue através do altruísmo e humanidade mostrar beleza no horror.
Quando já quase desistindo de sua missão Will Schofield é acordado com pétalas de cerejeiras, o que pela crença japonesa significa sorte. É como se a beleza tivesse dado suporte para que ele aguentasse até cumprir sua missão. Um verdadeiro hanami (apreciar as flores) em um filme de guerra, não é filme de guerra!
Ao final, assim como no início, Schofield descansa encostado em uma árvore, após ter cumprido sua missão ao chegar num arvoredo, porém com um olhar diferente, um olhar questionador – Para quê essa guerra?