Inch’ Allah,
França/Canadá 2011 - diretora e roteirista Anaïs Barbeau-Lavalette
Apesar de o tema central ser a
disputa entre judeus e árabes, o que já foi retratado em muitos filmes, em
Inch'Allah o interessante é que a protagonista não é de nenhum lado, é uma
estrangeira. A médica Chloé é canadense e trabalha em um posto de saúde da
Organização das Nações Unidas na Palestina, próximo da fronteira e de um posto
de controle de árabes. Mora de um lado da fronteira, junto aos judeus, e
trabalha do outro lado, atendendo mulheres e crianças árabes. É clara sua angústia
e suas frustradas tentativas de aproximar um pouco as pessoas destes dois
“mundos”.
Um filme que mostra a
infelicidade dificilmente apresenta belos jardins ou belas plantas. E é isto
que acontece neste filme. Então, por que estou escrevendo sobre ele?
Em primeiro lugar gostei muito do
filme, bem feito, boa interpretação etc. Em segundo, por ficar totalmente
chocada com o final do filme, como uma médica, alguém que voltou sua vida a
salvar pessoas, talvez a pessoa mais sensata da história, “a mocinha”, foi
capaz de um ato que levou a morte de tantas pessoas. Para mim ficou claro que
este conflito tira a sensatez de qualquer um, mas o que mais gostei e aceito
como a mensagem que a roteirista quis deixar, foi uma criança que fica batendo
num muro enorme com uma pedrinha e acaba fazendo um furo. A criança olha pelo
furo e diz (a imagem não aparece) – Vejo uma árvore bem grande e outra pequena
ao lado dela. Para mim, isto é uma alusão de que, apesar de tudo, se
ultrapassarmos esta barreira chegaremos às plantas, com toda sua esperança,
produção de sombra, alimento, saúde, alegria etc.
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