sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Inch´Allah







Inch’ Allah, França/Canadá 2011 - diretora e roteirista Anaïs Barbeau-Lavalette



Apesar de o tema central ser a disputa entre judeus e árabes, o que já foi retratado em muitos filmes, em Inch'Allah o interessante é que a protagonista não é de nenhum lado, é uma estrangeira. A médica Chloé é canadense e trabalha em um posto de saúde da Organização das Nações Unidas na Palestina, próximo da fronteira e de um posto de controle de árabes. Mora de um lado da fronteira, junto aos judeus, e trabalha do outro lado, atendendo mulheres e crianças árabes. É clara sua angústia e suas frustradas tentativas de aproximar um pouco as pessoas destes dois “mundos”.

Um filme que mostra a infelicidade dificilmente apresenta belos jardins ou belas plantas. E é isto que acontece neste filme. Então, por que estou escrevendo sobre ele?

Em primeiro lugar gostei muito do filme, bem feito, boa interpretação etc. Em segundo, por ficar totalmente chocada com o final do filme, como uma médica, alguém que voltou sua vida a salvar pessoas, talvez a pessoa mais sensata da história, “a mocinha”, foi capaz de um ato que levou a morte de tantas pessoas. Para mim ficou claro que este conflito tira a sensatez de qualquer um, mas o que mais gostei e aceito como a mensagem que a roteirista quis deixar, foi uma criança que fica batendo num muro enorme com uma pedrinha e acaba fazendo um furo. A criança olha pelo furo e diz (a imagem não aparece) – Vejo uma árvore bem grande e outra pequena ao lado dela. Para mim, isto é uma alusão de que, apesar de tudo, se ultrapassarmos esta barreira chegaremos às plantas, com toda sua esperança, produção de sombra, alimento, saúde, alegria etc.

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