Fogo no Mar, (Fuocoammare) – Itália, 2016 de
Gianfranco Rosi.
Esse belíssimo documentário traz
à tona um tema mais que atual, os refugiados. Rosi fez um excelente trabalho e
o filme ganhou o prêmio Urso de Ouro em Berlim e abriu o festival “É tudo
verdade” de documentários em São Paulo.
A câmera acompanha os refugiados,
em estado total de miséria, algumas cenas são muito difíceis de ver, como um porão
de barco com muitos cadáveres, também segue alguns moradores, como o médico que
não consegue dormir de tanto ver vítimas em imenso sofrimento e mortos, um
casal, um radialista e dois meninos.
O filme começa com um menino de
12 anos, Samuele Pucillo, procurando um jeito de subir em um lindo pinheiro,
sua intenção era tirar um galho para fazer um estilingue para caçar passarinhos
e furar cactos, e ele faz exatamente isso no decorrer do filme. Num determinado
ponto ele começa a usar óculos, como se uma lente fosse necessária para uma
nova realidade. Não sei se faço uma boa analogia, mas uma pequena cidade na
Itália (Lampedusa) de 6 mil habitantes que vira uma porta de entrada para
aproximadamente 400 mil pessoas refugiadas, sendo que por volta de 15 mil morreram
na tentativa de chegar a Europa, realmente é necessário ajustar os olhos,
colocar uma lente para aguentar tanta tristeza.
A mesma tristeza o garoto relata
em uma consulta médica, apesar de clinicamente não encontrado nada de errado, o
jovem diz sentir uma falta de ar e um aperto no peito e no coração, um
mal-estar. Impossível não sentir isso com toda essa tragédia.
O filme não mostra lindos
jardins, mas ao final o pequeno Samuele vai até o mesmo pinheiro e assoviando
se comunica com um passarinho e da mesma arvore que ele fez o estilingue, ele
retira um pequeno pedaço de galho que usa para acariciar o passarinho.
O filme é pesado, como o tema,
mas é feito com tanta genialidade que vale muito a pena ver.
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