segunda-feira, 9 de maio de 2016

Fogo no mar

Fogo no Mar, (Fuocoammare) – Itália, 2016 de Gianfranco Rosi.

Esse belíssimo documentário traz à tona um tema mais que atual, os refugiados. Rosi fez um excelente trabalho e o filme ganhou o prêmio Urso de Ouro em Berlim e abriu o festival “É tudo verdade” de documentários em São Paulo.
A câmera acompanha os refugiados, em estado total de miséria, algumas cenas são muito difíceis de ver, como um porão de barco com muitos cadáveres, também segue alguns moradores, como o médico que não consegue dormir de tanto ver vítimas em imenso sofrimento e mortos, um casal, um radialista e dois meninos.
O filme começa com um menino de 12 anos, Samuele Pucillo, procurando um jeito de subir em um lindo pinheiro, sua intenção era tirar um galho para fazer um estilingue para caçar passarinhos e furar cactos, e ele faz exatamente isso no decorrer do filme. Num determinado ponto ele começa a usar óculos, como se uma lente fosse necessária para uma nova realidade. Não sei se faço uma boa analogia, mas uma pequena cidade na Itália (Lampedusa) de 6 mil habitantes que vira uma porta de entrada para aproximadamente 400 mil pessoas refugiadas, sendo que por volta de 15 mil morreram na tentativa de chegar a Europa, realmente é necessário ajustar os olhos, colocar uma lente para aguentar tanta tristeza.
A mesma tristeza o garoto relata em uma consulta médica, apesar de clinicamente não encontrado nada de errado, o jovem diz sentir uma falta de ar e um aperto no peito e no coração, um mal-estar. Impossível não sentir isso com toda essa tragédia.
O filme não mostra lindos jardins, mas ao final o pequeno Samuele vai até o mesmo pinheiro e assoviando se comunica com um passarinho e da mesma arvore que ele fez o estilingue, ele retira um pequeno pedaço de galho que usa para acariciar o passarinho.
O filme é pesado, como o tema, mas é feito com tanta genialidade que vale muito a pena ver.

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