Sonhos (Yume) Japão/EUA - 1990, com direção de Akira Kurosawa
Uma verdadeira obra
prima!
Kurosawa nos traz
oito sonhos, como oito capítulos quase independentes com as mais belas
fotografias e muita poesia. A linha que conduz o filme passa pela natureza e
sua necessidade de cuidado e respeito, os riscos das guerras, o amor, a
experiência e a simplicidade.
O filme todo é muito
significativo e traz um pouco do desencanto do diretor com a humanidade. A
exceção se faz no último sonho que traz a esperança através das lições de um aldeão
centenário que vê o mundo de uma forma bem simples, como deve ser. É de chorar
de tanta beleza.
Poderia escrever
durante horas sobre esse filme, mas vou me ater a um único sonho, o Pomar de
Pessegueiros, no qual está concentrada uma das mais lindas cenas que já vi em
filmes. Lá um menino sai correndo atrás de algo que o leva aos pessegueiros e
lá ele encontra o Imperador japonês e seus súditos, eles estão muito bravos,
pois todo o pomar foi cortado e não haveria flores nem dança dos espíritos das
árvores.
O menino fica muito
triste ao perceber que não haverá a queda das pétalas, a dança das flores, o
hanami e ele chora. A imperatriz intercede e diz que eles deveriam dançar pela
última vez para o menino, afinal ele foi contra o corte das árvores. Mas o
imperador se recusa dizendo que o menino só queria era comer os pêssegos, o
garoto responde que não, os pêssegos podem ser comprados em qualquer
supermercado, mas o hanami não. Então eles se comovem com a criança e dançam. A
princípio musica tradicionalmente japonesa, depois a clássica ocidental. Tudo é
lindo, a disposição em quatro patamares representando a hierarquia do império
japonês, as roupas, a maquiagem, as cores. O sorriso do menino recebendo as
pétalas dos pessegueiros em seu rosto é fantástico. No final aparecem novamente
todas as arvores cortadas e o menino corre e encontra uma única muda brotando. É
muita beleza para um filme só.
Vale muito a pena
ver esse filme! Um dos melhores filmes em minha opinião.