1917 – Inglaterra e EUA,
2019 - Direção: Sam Mendes, com George MacKay, Dean-Charles Chapman, Mark
Strong
Alguns podem estranhar
estar um filme de guerra neste blog que fala de jardins e plantas no cinema,
mas não se trata de um filme de guerra e sim de homens, mostrado em sequencias
perfeitas, tecnicamente aclamado por qualquer cinéfilo e ele vai muito além...
Em quatro momentos as plantas falam coisas belíssimas sobre o filme.
O início, um “travelling”,
que na terminologia de cinema e audiovisual, é todo movimento de câmara em que
esta realmente se desloca no espaço, de um lindo campo de flores “daninhas” que
como bem disse Victor Hugo “não existe erva-daninha e homem mau, há sim mau
cultivador”.
A beleza de tantas
flores, que tem ao fundo um grupo de arvores e à frente dois soldados ingleses,
Will Schofield (George
Mackay) e Blake (Dean-Charles Chapman), dormindo, encostados à sombra de uma
árvore, marca a abertura do filme.
Uma ordem os acorda,
de que eles deveriam cruzar o território inimigo e entregar uma mensagem que
poderia salvar 1.600 homens, entre eles o irmão de Blake.
A câmera segue os
protagonistas e o diretor Sam Mendes mostra o humano desses soldados com atos heroicos
não para ganhar medalhas e sim por dignidade. Voltando as flores, há uma cena
muito bonita entre os horrores, quando eles se deparam entre as ruínas de uma
casa com várias cerejeiras em flor, que Blake conhecia tão bem dos tempos de
infância, uma cena perfeita que mostra o excelente trabalho de fotografia de
Roger Deakins.
Segue o filme com
panoramas que mostram cavalos e homens mortos, explosões, tiros, mas tudo isso fica
em segundo plano, pois Mendes consegue através do altruísmo e humanidade
mostrar beleza no horror.
Quando já quase
desistindo de sua missão Will Schofield é acordado com pétalas de cerejeiras, o
que pela crença japonesa significa sorte. É como se a beleza tivesse dado
suporte para que ele aguentasse até cumprir sua missão. Um verdadeiro hanami (apreciar as flores) em
um filme de guerra, não é filme de guerra!
Ao final, assim como
no início, Schofield descansa encostado em uma árvore, após ter cumprido sua
missão ao chegar num arvoredo, porém com um olhar diferente, um olhar
questionador – Para quê essa guerra?