Maria do Caritó – Brasil – 2019. Direção de João Paulo Jabur,
com Lilia Cabral, Gustavo Vaz, Fernando Sampaio, Juliana Carneiro da Cunha,
Kelzy Ecard, Fernado Neves entre outros.
Baseado no roteiro original da peça teatral homônima de
Newton Moreno, também encenada por Lilia. Para o cinema Newton contou com a
colaboração de José Carvalho no roteiro.
Caritó é uma pequena prateleira no alto da parede onde se coloca carretel de linha, pente, pedaço de fumo. Diz-se também da moça solteirona que foi colocada na prateleira.
Caritó é uma pequena prateleira no alto da parede onde se coloca carretel de linha, pente, pedaço de fumo. Diz-se também da moça solteirona que foi colocada na prateleira.
O filme foi rodado em Piacatuba – MG, de onde se obtêm
lindíssimas imagens, quando se mistura muitas arvores e palmeiras o verde todo
se junta e quase nem conseguimos identificar quem é quem na família vegetal,
mas é muito gostoso de ver. A única espécie florida que aparece é um lindo
Flamboyant vermelho. A história se passa em 13 junho – dia de Santo Antônio, o
casamenteiro – e nos dias seguintes, mas o Flamboyant floresce mais pro fim do
ano, o que me fez perguntar quando e onde o filme foi rodado. Realmente foi
filmado em outubro e novembro – fica aqui uma licença poética para o Flamboyant
florescer em junho. Foi rodado em Piacatuba, pois é perto de Cataguazes onde há
um polo de cinema, o que facilita muito as filmagens. Minas sempre na vanguarda
né?!
As atrizes e atores estão maravilhosos, Lilia como sempre dá
um show, assim como Juliana Carneiro da Cunha, Kelzy Ecard e Fernando Sampaio,
que mesmo sem falar uma única palavra transmite tanta poesia, que o coração flutua.
Na história, Maria (Lilia) é considerada santa, pois é atribuído
a ela alguns milagres e pelo fato de seu pai a ter prometido em casamento ao
Santo Djalminha, após supostamente Maria ter quase morrido ao nascer, porém ela
tem calores sob a saia e não quer se casar com santo algum, quer mesmo um amor
de verdade. Anualmente faz promessas à Santo Antônio com a ajuda de Fininha
(Kelzy Ecard), porém a idade está passando, ela já na menopausa passa a
procurar, quase desesperadamente, alguém para casar. Após uma cartomante falar
que seu amor é de fora da cidade e com a chegada de um circo ela tem certeza
que o “galão” Anatoli (Gustavo Vaz) é esse amor e ela vai à luta por esse amor
até descobrir algo muito melhor.
Poesia é o que não falta no filme, só que uma poesia que põe
o dedo na ferida, aborda questões importantes como a falta de escrúpulos de
muitos políticos, a exploração da fé, manipulação da população e submissão feminina,
isso é uma característica do dramaturgo Newton Moreno, dizer coisas que doem de
uma maneira suave, poética e cômica, às vezes você só se dá conta das questões
abordadas depois de um tempo, tenho cá comigo que alguns até não percebem ou
esquecem. No fim você sai do cinema sorrindo e com esperança.
Este é um filme que vi, gostei e recomendo muito!