domingo, 23 de fevereiro de 2014

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave) EUA, 2013 – Dirigido por Steve McQueen

        
Baseado em uma história real, o ator Chiwetel Ejiofor vive Solomon Northup, que era um nortista estadunidense negro, violinista, livre e letrado, em 1841. As primeiras cenas o mostram em seu cotidiano com a família sendo respeitado por todos da sociedade, porém é enganado, sequestrado e levado para Geórgia e aí começam então os 12 anos de agruras do título.
Além de Ejiofor que fez uma atuação brilhante o elenco é de primeira, inclui Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Paul Giamatti, Lupita Nyong'o e Brad Pitt entre outros. O filme é comovente em todos os momentos e a direção de arte é impecável.
A direção é tão boa que a paisagem diz tudo do filme a começar pelo corte de vegetação. Mesmo não sendo belíssimos exemplares, ver uma árvore cair é sempre muito triste, mas o mais fantástico de tudo é o uso abundante da barba-de-velho (Tillandsia usneoides), a mesma espécie que Tarantino usou no filme Django Livre. Em ambos os filmes a planta mostra a tristeza, como se a paisagem chorasse pelas atrocidades mostradas nas cenas, e é incrível a presença desta planta em quase todos os momentos.
Apesar de o filme ser americano a barba-de-velho é uma espécie brasileira, presente na Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, em todas as formações florestais das matas brasileiras, mas ocorre em vários outros países. É uma planta utilizada para fazer biomonitoramento atmosférico, ou seja, para estudar as concentrações de metais pesados no ar.
Saindo da biologia e voltando ao filme, boa história, elenco maravilhoso, direção brilhante... Pegue seu lenço e corra para o cinema, esta é minha sugestão.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Philomena - Reino Unido, EUA, França, 2013 de Stephen Frears

Incrível como a paisagem conta a história deste filme, aliás, muito bem contada, as locações e a fotografia estão em total sintonia. Grande história e grandes interpretações.
Baseado numa história real, ocorrida na Irlanda dos anos 1950, "Philomena", conta a história  de Philomena Lee (Judi Dench, indicada ao Oscar de melhor atriz - desta vez se ela ganhar, não se surpreenderá) em busca de seu filho dado em adoção aos 3 anos de idade. Ainda jovem e sem a mínima educação sexual, ela engravida e seu pai a interna num convento, onde ela terá seu bebê, um menino, não sem antes sofrer muito no difícil parto. Ela o adora, mesmo não tendo a oportunidade de conviver como mãe dele. Com aproximadamente 3 anos de idade ele é “vendido” pelas freiras do convento para uma família americana. Os anos se passam e ela não aguenta mais guardar este segredo e conta para sua filha, que vai procurar alguém para escrever esta história e ajudar sua mãe. Isto se dará com o jornalista Martin (Steve Coogan) e os dois sairão à procura, ela de seu filho e ele de uma história para escrever.
Quanto à paisagem, temos três cidades diferentes; na Inglaterra os jardins querem uma aproximação aos jardins naturais, sem muita simetria nem topiaria e com grandes gramados. É lá que começa a ser contada a história de Philomena. De lá ela e Martin viajam para Irlanda, lá, na primeira parte, é outono, com suas árvores de folhas amarelas e vermelhas cujo colorido, para mim, não simboliza alegria e sim esperança. Já podemos ver forrações e gramados bem secos e no pequeno cemitério as ervas daninhas dominando o local – nada por acaso. Terceira locação, Washington, com toda sua arborização - vale lembrar que a capital dos EUA tem 170m² de áreas verdes por habitante, só para se ter uma ideia, São Paulo tem pouco mais de 4m²/hab. Lá também aparecem os típicos jardins americanos, quase sempre com a bandeira americana à mostra. Na volta à Irlanda as folhas amarelas já haviam caído, assim como a esperança de Philomena, desta vez todo gelo e frio enfatizarão o sofrimento, a angústia e a decepção. Ao chegar ao antigo convento eles param o carro sobre um lindo chorão - com este nome nem preciso falar nada - e além disso, é desta árvore que é retirado o princípio ativo para uma grande parte dos medicamentos para aliviar a dor, o ácido acetil salicílico que vem de Salix alba ou Salix babilônica, que é o nome popular daquela árvore. E uma frase dita pelo jornalista Martin fecha com chave de ouro: “_Vocês poderiam pelo menos tirar as ervas daninhas que encobrem os túmulos das jovens e seus bebês que morreram aqui.”


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Elysium – EUA, 2013 de Neill Blomkamp.



O filme mostra duas paisagens bem distintas, uma é o planeta Terra em 2159 – grande semelhança com alguns bairros periféricos de São Paulo e de muitas outras cidades do Brasil - habitado por pessoas pobres, violentas e doentes. A outra é a estação espacial Elysium, um lugar totalmente planejado, com belíssimas paisagens e lindos jardins, apesar da mistura de topiaria com palmeiras, que eu particularmente não aprecio muito, além das florestas organizadas. A paisagem é bem semelhante com Dubai. Nunca tinha visto em filmes tantos jardins verticais como neste. Em Elysium as pessoas são ricas despreocupadas e sadias.
No elenco, além de Matt Damon, representante dos pobres e Jodie Foster, dos ricos, estão presentes no filme Alice Braga e Wagner Moura, nem preciso falar de que lado eles estão né? Desculpem a crítica, fora isso, os dois estão muito bem assim como a dupla principal.
Algumas coisas me chamaram atenção: a da presença e resistência das palmeiras, o que confere um tom aristocrático aos jardins de Elysium, é claro - na Terra só sobraram poucas árvores solitárias, talvez por isso o planeta tenha ficado doente. Outra, é como os jardins são associados às classes mais abastadas, o que em minha opinião não condiz com a realidade, pois conheço muitas pessoas que dão um duro danado para se manterem e têm jardins muito charmosos; na primeira cena em Elysium a frase que Foster usa para receber as pessoas é “Sejam bem-vindo, aprecie a vista do jardim”
O filme é interessante, tanto para ver belos jardins, jardins verticais e como eles conseguem inserir plantas bem cuidadas em todos os cantos, em Elysium é lógico. Eu recomendo!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street) EUA - 2013 de Martin Scorsese

Só a direção de Scorsese já me faria ver o filme. Como sempre, direção impecável e ainda com o ator Leonardo DiCaprio, que na minha opinião está casa vez melhor em suas atuações – e pensar que ele já ganhou a Framboesa de Ouro, ou seja, o prêmio de pior ator do ano.
O filme é baseado no best-seller de mesmo nome e conta as memórias de Jordan Belfort (DiCaprio),  um corretor de títulos de Nova York que dirige uma firma, a Stratton Oakmont, corretora de ações de um mercado paralelo à Bolsa, que na década de 1990 se tornou especialista em desviar dinheiro dos sonhadores  para sua própria conta, para isso, muitas fraudes, corrupções, drogas e prostituição.
Lógico que um milionário tem sempre uma casa maravilhosa e, para mostrar seu poder, jardins estonteantes, afinal nada melhor para isto do que magníficos jardins e eles estão do lado de fora da casa, ou seja, para todos verem. É uma pena serem poucas as cenas dos jardins. Chama mais atenção o descaso com que ele trata deles, nenhum afeto, passa por cima com carro, helicóptero etc.; quando ele estraga o gramado do campo de golf, meu coração até doeu. E ainda, ao desprezar sua esposa, ex-prostituta, diz algo como: – agora sua nova brincadeira ou invenção é ser paisagista, como se para essa profissão não fosse necessário estudo, muito conhecimento e empenho. Isto é bem a cara do seu personagem.
Eu recomendo muito, afinal tem a assinatura de Scorsese!

Melancolia (Melancholia) França, Dinamarca, Suécia e Alemanha – 2011 de Lars von Trier

Lars von Trier é especialista em fazer filme que tocam a alma das pessoas, algumas vezes positivamente e outras negativamente, mas é certo que não dá para ver um filme dele e não ter o que falar. Podem falar o que quiser, eu assisto a todos.
O filme mostra uma total falta de esperança com o advento de uma colisão de dois planetas que levará a uma grande destruição. Justine (Kirsten Dunst) está prestes a se casar com Michael (Alexander Skarsgard). Sua irmã Claire (Charlotte Gainsbourg) e seu marido John (Kiefer Sutherland) realizam uma festa suntuosa para a comemoração dessa união. O local para a festa, a casa da irmã. O lugar é simplesmente lindo e mais que tudo os jardins, a começar com um maravilhoso campo de golf com magníficos gramados, árvores e arbustos podados milimetricamente em uma difícil topiaria. As belas imagens poéticas tem um ritmo próprio que é característico dos filmes de Lars, os detalhes, a iluminação, a montagem, tudo no filme é impecável, parece um grande balé coreografado. Os planetas dançam, as plantas ficam estáticas e de repente começam a dançar, a tristeza ocupa todos os espaços vazios. Será o fim? Talvez a mensagem seja esta, da maneira com que tratamos o planeta em que vivemos nosso futuro será este, bem melancólico.   Vale a pena conferir!